terça-feira, 17 de julho de 2012

Mulheres da Paz Articulando Cidadania


As 200 Mulheres da Paz realizaram, durante o mês de junho, atividades que visaram a divulgação de seu trabalho social nos bairros onde atuam e moram. Participaram de reuniões nas escolas, nas igrejas, nas associações de bairros. Realizaram visitas domiciliares nas ruas próximas às suas residências. Realizaram caminhadas com distribuição de folders e colagem de cartazes, divulgando o Projeto e o seu trabalho social. Divulgaram seu trabalho na Câmara de Vereadores de Passo Fundo e TV Câmara. Desta forma, as Mulheres da Paz colocaram-se à disposição da comunidade para serem articuladoras de cidadania.
O trabalho social que as mulheres desenvolverão em seus bairros começou em junho de 2012 e acabará no mês de abril de 2013. O trabalho social compõe a meta estabelecida pelo Ministério da Justiça para o recebecimento de uma bolsa auxílio mensal de R$ 190,00. As metas mensais do trabalho social são 12 visitas domiciliares, 05 encaminhamentos à equipe multidisciplinar e a participação em uma reunião com alguma entidade do bairro. Todo o trabalho social é acompanhado e orientado pela equipe multidisciplinar composta por uma advogada, uma assistente social, uma psicóloga e três educadoras sociais.
O Projeto Mulheres da Paz é uma parceria entre o Governo Federal, através do Ministério da Justiça e o município de Passo Fundo, coordenado pela Secretaria de Segurança Pública e executado pela Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

De liberdade, democracia e voto.




O voto não tem preço, tem consequências" (Campanha Voto Cidadão) 


As eleições municipais caracterizam-se por uma disputa densa, acirrada e mais controlada pelos agentes da política. A relação estabelecida entre candidatos e eleitores quase sempre pressupõe, como moeda de troca, favores e promessas de cunho pessoal, direto e familiar. Neste contexto, a compra de voto é uma prática recorrente, apesar de proibida. As promessas mirabolantes e oportunistas também são utilizadas na perspectiva de soluções fáceis, para problemas complexos. Corromper e ser corrompido tornam-se atos quase naturais, próprios da atividade política e partidária, em tempos eleitorais.
Nosso povo já tem a consciência de que vender seu voto é vender-se. Sabe que trocar seu voto por algum benefício é abrir mão de sua consciência. Por outro lado, vê nas eleições uma oportunidade única de resolver algum de seus mais eminentes problemas ou dificuldades. Em grande medida, associa compra de votos a ações que envolvem transações de dinheiro, mas não à obtenção de utensílios, vantagens ou bens materiais como uma carga de pedra, um poste de luz, uma oportunidade de emprego, um rancho, uma dúzia de telhas ou de tábuas, uma consulta médica. Para muitos, o período eleitoral torna-se oportunidade de um décimo terceiro ou quarto salário, e que tem prazo para ser cobrado: até o dia da eleição.
O descrédito dos políticos está na base das atividades que geram a corrupção. A facilidade com que os mesmos fazem política, sem levar em conta os interesses da coletividade, descaracterizou a atividade política, confundindo política e politicagem. Estranho é que, aqueles que condenam tais práticas, fazem uso dela para beneficiar-se, contribuindo assim para uma cultura em que o bem comum é relativizado, prevalecendo sempre a conquista sorrateira e indevida dos favores ou benefícios conseguidos em períodos eleitorais. É igualmente uma ilusão achar que temos liberdade se muitos de nós estão iludidos naquilo que tem de decidir.
Muitos políticos odeiam os que combatem as práticas ilícitas de galgar consciências e votos. Muitos políticos não gostam nada das Campanhas de Voto Cidadão ou Voto Consciente. Muitos deles detestam os que pregam o voto consciente e cidadão. Mas como posicionar-se contra estes lhes custaria um alto preço, buscam desqualificá-los pessoalmente, saindo da esfera democrática e das ideais para a esfera da desconstituição moral, pública e política.
A desmotivação e o desinteresse da população pela política também é originada pela pouca renovação das pessoas nos cargos do legislativo e do executivo. Eleição após eleição, quase sempre os mesmos é que se elegem, criando assim uma classe profissionalizada de políticos. As câmaras de vereadores acabam sendo pouco representativas pelo número de vereadores que podem ser eleitos, principalmente nas médias e grandes cidades.
O verdadeiro compromisso da democracia deve ser a efetivação dos direitos já conquistados na legislação na vida prática e cotidiana de todos os cidadãos e cidadãs. É preciso revigorar a democracia para o atendimento das necessidades coletivas, orientando os agentes políticos para que suas decisões sejam feitas a favor das maiorias. Os direitos não são benefícios, mas resultado de conquistas da sociedade.
As eleições municipais são uma oportunidade de nos reconhecermos como moradores/habitantes das cidades. Como expressa bem uma campanha da Justiça Eleitoral, "uma cidade é a cara de quem a governa". A verdadeira política é aquela que está em busca de soluções para os nossos maiores problemas. E eleição não é um jogo (como o de futebol), mas tem a ver com o compromisso e o enamoramento que todos nós assumimos com a gente mesmo. Afinal de contas, quem é a cidade senão a sua gente?
Nei Alberto Pies professor e ativista de direitos humanos
(pies.neialberto@gmail.com)